Ator,mas não autor.Nãosou autor de desgraças, tragédias,lascívias, volúpias,crimes,assassinatos, julgamentos, conjulgações.Não sou autor de um amor,seus sabores e dissabores,sua sofreguidão feliz e sua eufórica tristeza.Não sou autor de paradoxos.Não sou inventor de sátiras,lirismo.sonetos,crônicas,críticas e suas alegorias.
Não sou autor,ou mesmo poeta,a vagar breve em boêmias vielas exaltando ou praguejando a vida,ou mesmo poeta introspectivo.
Não sou autor de teorias,sabedorias,sábias,ignorantes,ou mesmo medíocres.Nesse caso,sou receptor,reconstrutor.
Não sou autor de prazeres,de desfrutadosparceiros,de estágios enamorados,e posteriormente munido de ódio.Não sou autor de indolência,negligências,ainda leves insolências,ociosidades.Não sou autor da saudade,digníssima atroz,nem da frieza,ou mesmo do que dizem maldade.
Não sou autor de felicidades,beldades,esperanças,conquistas, derrotas,trejeitos,rejeitos, segurança, vulnerabilidade.
Não sou autor de complexidades.
Autor,finjo ser.
Não sou um ator,mas uma vida.E essas atuações são frutos consequentes e inconsequentes desta.Ainda que não se saiba de fato o que é viver.Apenas que ser suposto autor é complemento da atuação viver.